Resta saber, claro, se haverá dinheiro ianque nessa brincadeira. Estamos de olho (“we are of eye”).

Cartaz promocional do filme “Sérgio Moro contra Marilena Chauí” (1964) pic.twitter.com/JEaum5QMe9

— MarchaDaHistória (@MarchaHist) 5 de julho de 2016

Desde esta segunda (4) à noite, as redes sociais têm se divertido com o vídeo em que a filósofa e professora da USP Marilena Chaui, 74, assegura que o juiz federal Sergio Moro –um dos principais nomes da Operação Lava Jato– foi treinado pelo FBI, polícia federal dos EUA, para tirar do Brasil a soberania sobre o pré-sal. “Ele recebeu um treinamento que é característico do que o FBI fez no macarthismo e fez depois do 11 de Setembro, que é a intimidação e a delação”, diz a intelectual.

Marilena não esclarece, infelizmente, se os americanos também implantaram um chip em Dilma Rousseff para que a presidente sancionasse a lei 12.850, que prevê a delação premiada –muito usada pela Lava Jato. Também não explica se a maçonaria, os Illuminati, o Bilderberg Group ou mesmo alguns aliens fazem parte da tramoia. O que se sabe é que os tuítes sobre o caso não param:

Camiseta encontrada por Marilena Chauí na casa de Sergio Moro prova seu vínculo com o FBI (1956) pic.twitter.com/SrRPG5rKYX

— MarchaDaHistória (@MarchaHist) 5 de julho de 2016

Segundo Marilena Chauí, Sérgio Moro é um alienígena reptiliano a serviço da Illuminati. Agora você sabe demais. Fuja.

— EdsonAran (@EdsonAran) 5 de julho de 2016

“Moro é filho de Stalin. Espionou o Terceiro Reich e veio para o FBI depois da Segunda Guerra Mundial. Moro tem 112 anos”. – Marilena Chauí

— Ingrid (@beboquerosene) 5 de julho de 2016

Só faltou citar UFOs e Madame Blavatsky: “Marilena Chauí diz que Moro foi treinado por FBI para acabar com Pré-Sal” https://t.co/GbOtZRdhPL

— Jean-Philip Struck (@jeanstruck) 5 de julho de 2016

FBI pede ao juiz Sérgio Moro prisão de Marilena Chauí por calúnia https://t.co/Ul39jZIQnC pic.twitter.com/ROsoABN1a4

— Joselito Müller (@JoselitoMuller3) 5 de julho de 2016

Marilena Chauí dizendo que o Moro foi treinado pelo FBI pra desestabilizar o Brasil, que morte horrível.

— Esquerda insaciável (@pedrolapera) 5 de julho de 2016

Talvez seja preciso atualizar a frase do poeta francês Stéphane Mallarmé: o mundo não foi feito para acabar “num belo livro”, e sim numa daquelas teorias conspiratórias ridículas de Facebook.

*

Que a realidade da política brasileira supera a imaginação de qualquer dramaturgo até a Netflix percebeu.

Em abril, o principal serviço de TV por internet do mundo anunciou a produção de uma série baseada na Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras e um dos principais ingredientes da crise que pode tirar a presidente Dilma Rousseff do Planalto. A produção, dirigida por José Padilha (“Tropa de Elite”), deverá ir ao ar em 2017.

Os atores ainda não foram escolhidos, mas já se sabe que o ator Wagner Moura está cotado para uma participação especial como o senador Aécio Neves (PSDB). Na tentativa de imaginar outras estrelas da TV que poderiam interpretar os principais nomes da política nacional, a Folha criou um “novelão” com suas apostas. Veja no vídeo a seguir:

Abaixo, algumas razões para a escolha do elenco:

DILMA (Vera Holtz)
Versátil, a atriz com cara de durona já interpretou papéis difíceis, como a alcoólatra Santana (“Mulheres Apaixonadas”), e parece ter nascido para vivar meme –suas fotos tomando chá de boldo viraram febre no Carnaval

EDUARDO CUNHA (Pedro Cardoso)
De manobra ele entende. Depois de interpretar por anos o malandro Agostinho, de “A Grande Família”, o ator não teria dificuldade para fazer o presidente da Câmara. Não precisa nem forçar o sotaque

LULA (Tony Ramos)
Quem mais poderia encarar um dos personagens centrais da política brasileira nas últimas décadas além do veterano e (quase) sempre protagonista das novelas?

SERGIO MORO (Mateus Solano)
Assim como o juiz da Lava Jato, Solano dividiu o país –no caso dele, no papel do vilão-que-virou-mocinho Félix (“Amor à Vida”). Agora (coincidência) também está nos cinemas na pele de um magistrado

MICHEL TEMER (Ney Latorraca)
Quando era apenas um sóbrio vice-presidente, Temer já foi apelidado de “mordomo de filme de terror” e “vampiro”. Como não se lembrar do vilão de “Vamp”?

DELCÍDIO DO AMARAL (Antônio Fagundes)
O eterno “rei do gado” não poderia ficar de fora desse elenco de qualquer maneira. Ele não é a cara do senador que passou de aliado do governo a delator?

AÉCIO NEVES (Marco Ricca)
Wagner Moura pode ser a escolha do diretor José Padilha, mas o bem alinhado Ricca, elogiado pelo papel do magnata Assis Chateaubriand no filme-lenda “Chatô”, não faria feio

JANAINA PASCHOAL (Alessandra Negrini)
A musa do Carnaval paulistano sempre chama a atenção e poderia interpretar a advogada e professora da USP que surpreendeu com seu discurso exaltado a favor do impeachment

MARCELA TEMER (Paolla Oliveira)
Presença sempre notada nas cerimônias oficiais, a possível futura primeira-dama seria bem representada por outra campeã de comentários. Depois do barulho de “Felizes Para Sempre?”, Paolla tem experiência em tramas políticas

JOSÉ EDUARDO CARDOZO (Domingos Montagner)
Também com perfil de durão, o ator já interpretou delegado e até um fictício presidente do Brasil (“O Brado Retumbante”) e poderia ser o ferrenho defensor da presidente Dilma contra o impeachment

FHC (Marco Nanini)
O ex-presidente está sempre reaparecendo no noticiário, mas tenta manter a discrição –como seu possível intérprete, Marco Nanini

NESTOR CERVERÓ (Guilherme Karam)
É…

Não cabe a este blog, que pretende ser de humor, comentar o trabalho da força-tarefa. Mas, francamente, não vou estranhar se algum dos envolvidos nas investigações aparecer vestindo capa de super-herói nos próximos dias, como José Genoino naquela foto já clássica.

Só faço um pedido: cueca por cima da calça NÃO. Por favor.

Na abertura do jogo, uma versão Super Mario Bros. da Dilma diz: “Brasileiras e brasileiros, eu tenho um pesadelo. O impeachment se aproxima. Me ajude a escapar!!! Não vai ter golpe!”. A presidente tem que correr e pular para escapar de inimigos terríveis como Sergio Moro, Nestor Cerveró e coxinhas gigantes (claro que o game inclui um Lula também –mas um amigo que comentou o jogo disse não ter entendido se era para a Dilma correr para ele ou fugir dele).

Se você, porém, não for team mortadela, e sim team coxinha, o jogo é mais fácil. É só deixar a Dilma lá paradona, que logo aparece o aviso de “game over”.

Este blog deseja que vocês, leitores, jamais precisem recorrer ao pai Sergio Moro (ê-ê) para conduzir coercitivamente a gata (ou gato, gatx, seja o que for) para bem pertinho do seu coração.